Wire Brasil 2025

29 a 31 de Outubro de 2025 | 10h às 19h

Contato

(11) 5585-4355 | (11) 3159-1010

E-mail

comercial@fieramilano.com.br

Local

São Paulo Expo

Mineração enfrenta a crise do coronavírus com nervos de aço

26 de maio de 2020
Want create site? Find Free WordPress Themes and plugins.

Com apenas alguns de seus processos afetados pelas medidas de combate à pandemia, setor estima impacto reduzido e projeta recuperação baseada no mercado internacional

mineração deve se recuperar mais rapidamente do que os outros setores da economia da crise provocada pela pandemia de coronavírus. A demanda por minério de ferro e outros recursos minerais deve cair durante a inevitável recessão brasileira. Mas representantes do setor apostam na retomada econômica da China e na compensação no mercado externo da crise interna. Porém, o efeito da COVID-19 deve ser sentido no longo prazo. Até o momento, as mineradoras ainda relatam pouco impacto do vírus nas operações.

Apesar da retração da economia brasileira e da queda do consumo, a mineração deve ser um dos setores que vão se recuperar mais rapidamente da crise provocada pelo coronavírus, ao lado da agropecuária. Essa avaliação é do diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Flávio Ottoni Penido.

 

“A partir do momento em que diminui a venda interna de geladeiras, carros e panelas, esse efeito vem vindo de trás para a frente. Mas a mineração tem facilidade de retornar. Quando é demandada, tem uma capacidade instalada que permite isso”, diz Penido.

 

O principal motivo para o otimismo do diretor-presidente do Ibram está no mercado internacional e na capacidade de exportação do setor. Segundo Penido, a China, que conseguiu controlar o avanço do novo coronavírus, já está voltando a procurar minério. “Em um primeiro momento, a demanda internacional cai. Mas na China os estoques de aço já estão baixos. E agora devem iniciar um grande investimento em infraestrutura”, explica.

 

Por outro lado, Penido pondera que a retomada não será imediata ou uniforme. O setor de pesquisa mineral deve demorar mais a se recompor, por precisar de mais funcionários trabalhando em espaços menores, o que é desaconselhado num contexto de circulação do vírus.

 

A perspectiva do diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da mineradora ValeLuciano Siani, é parecida. O executivo afirmou em transmissão promovida pelo jornal Valor Econômico que a China está se recuperando mais rapidamente do que a Europa e os Estados Unidos.

 

Nível normal

Segundo Siani, 70% da produção da Vale é voltada para a China, onde o investimento em construção civil é forte. “Na China o lockdown [isolamento total] foi rigoroso, durou três meses. No primeiro trimestre a produção de aço cresceu, mesmo com o lockdown. As atividades da indústria já estão de volta aos níveis normais. A construção civil está aumentando diariamente. Os estoques de aço e minério de ferro estão caindo”, analisou o diretor-executivo, que se diz otimista com a situação do país asiático.

 

Desde o final de março, quando o Ministério de Minas e Energia (MME) editou a portaria 135/ 2020, a mineração é considerada atividade essencial durante a pandemia do novo coronavírus. Dessa forma, os funcionários das mineradoras continuaram trabalhando, tanto na extração dos recursos minerais quanto na pesquisa. O diretor-presidente do Ibram defende a continuidade do trabalho. “Existe toda uma cadeia produtiva. A mineração tem uma responsabilidade e é essencial para que os demais setores da indústria possam funcionar”, argumenta.

 

Mesmo com previsões de queda na produção, ainda é cedo para para se ter uma ideia abrangente a respeito do efeito da pandemia  no setor. Em comunicado, a Vale afirma que a pandemia da COVID-19 tem “impacto limitado” nas operações. A empresa suspendeu a operação de um terminal marítimo na Malásia, o que não impactou na produção. Também suspendeu a mineração em Voisey’s Bay, no Canadá, por até quatro meses, mantendo a manutenção da mina. Por fim, postergou planos de manutenção corretiva em uma planta de processamento de carvão em Moçambique.

 

Porém, a mineradora avalia que o adiamento de paradas de manutenção programada em diversas plantas deve prejudicar o nível de produção, especialmente no segmento de metais básicos. Além disso, prevê um impacto na produção por causa da demora de processos de inspeção e autorização, para a retomada da atividade de minas paradas.

 

De acordo com o diretor-executivo da ArcelorMittal Mineração Brasil, Sebastião da Costa Filho, a pandemia “não alterou a produção de granulados e concentrados de minério de ferro” da empresa. A companhia tem duas minas em Minas Gerais. A Mina de Serra Azul, em Itatiaiuçu, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e a Mina do Andrade, em Bela Vista de Minas, na Região Central do estado.

 

Costa Filho afirma que as instalações continuam produzindo dentro do esperado para o período. “A prioridade da produção é para o consumo das plantas siderúrgicas da empresa”, explica o executivo. Já a multinacional Kinross, que extrai ouro da Mina do Ouro, em Paracatu, no Noroeste do estado, afirma que a produção não foi afetada pela pandemia.

 

Medidas sanitárias

As mineradoras Vale e Kinross e as divisões de mineração da ArcellorMittal e Usiminas adotaram medidas parecidas entre si para frear a disseminação do coronavírus nas instalações. Entre as ações comuns implantadas pelas empresas estão a ampliação das frotas de ônibus de transporte dos funcionários, que circulam com capacidade reduzida; equipes administrativas em trabalho remoto; afastamento de funcionários dos grupos de risco; aferição constante de temperatura dos colaboradores e distanciamento nos refeitórios, que funcionam em horário escalonado. As companhias não têm previsão para o relaxamento dessas medidas.

Segundo Penido, alguns processos da mineração foram postergados. “Em muitas atividades da mineração, o funcionário trabalha sozinho, como é o caso de um motorista ou operador de escavadeira”, diz. Para o diretor-presidente do Ibram, as medidas devem continuar indefinidamente. “Nós vamos ficar aguardando o que o Ministério da Saúde e os governos municipais e estaduais liberarem. A esperança que temos é que se supere a pandemia o mais rapidamente possível, aí se permita uma volta (dos processos interrompidos) com segurança. Neste momento, não cabe atitude açodada.”

 

Queda de produção

 

No primeiro trimestre de 2020, a produção mineral no Brasil foi de 220 milhões de toneladas. Uma queda de 17,67% em relação aos 265,45 milhões registrados nos três primeiros meses de 2019. Em relação ao quarto trimestre do ano passado, a retração foi de 18%. Na avaliação do Ibram, como o setor é caracterizado por resultados de longo prazo, esses números ainda mostram pouco do efeito do coronavírus.

 

Um motivo imediato para a queda seriam os estragos provocados pelas chuvas no início do ano. Outra razão é que a mineração ainda tentar superar uma crise específica: os efeitos do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em janeiro de 2019.

 

Segundo o diretor-presidente do Ibram, depois do desastre muitas barragens e atividades foram paralisadas. “Tornou-se necessário acompanhar com mais rigor as demais barragens. Com atitudes como paralisar minas que usavam barragem à montante. Com isso, diminuiu a produção, e o Brasil perdeu espaço para a Austrália no mercado internacional de minério. Mas, aos poucos,  isso está sendo recomposto”, afirma.

 

*Estagiário sob a supervisão da editora Silvana Arantes

 

FONTE:
ESTADO DE MINAS

Did you find apk for android? You can find new Free Android Games and apps.

Translate »